Acordou assustado.
Viu o quarto manchado
com o sangue da esposa.
Batia na parede,
arrancava os cabelos,
sem fome sem sede
ficou em completo desespero.
Achou um pulmão
(cor de não-fumante, era mesmo dela!)
O dedo de uma mão
(unha preta postiça, era mesmo ela!)
Saiu de casa,
se afogou em lágrimas.
Cercado pela desgraça
de nada ele se lembrava
.
Porque matariam sua esposa?
"Ela era traída mas não sabia de nada
e se soubesse, deixaria ser enganada.
Ela era fiel, gentil,
abrigo de tempestade, calor no frio."
Porque tanta crueldade com a moça?
Febril e impetuoso,
dois dias açoitado pela dúvida.
Procurando fim menos doloroso
fez da sua janela (oitavo andar) porta de saída.
Sua esposa mora em outro lugar,
outro prédio, no oitavo andar.
Está satisfeita: esquartejou sua rival sem deixar suspeita.
Agora com uma vontade que nunca havia sentido,
namora outra mulher e cuida dos negócios do marido
que hoje é visto como um assassino falecido.